Com apoio do ACNUR, refugiados em Botsuana agora têm acesso a antirretrovirais

Com pequenos gritos de alegria, o jovem Elvis corre para saudar sua mãe, enquanto ela caminha lentamente em direção à cabana da família no campo de refugiados de Dukwi, no nordeste de Botsuana.

A criança zimbabuana, de quase três anos, é a própria imagem da saúde. Porém, há um ano, por ser portador do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV, na sigla em inglês), ele estava à beira da morte. Elvis mal conseguia sentar-se direito. Seu corpo estava arruinado por infecções oportunistas, inclusive tuberculose, e era constantemente hospitalizado para tratamento.

A infecção foi transmitida a ele através de sua mãe, Silibaziso, uma ex-ativista da oposição que fugiu com sua família para Botsuana, temendo agressões físicas depois das eleições presidenciais e parlamentares no Zimbábue, em 2008. Sabendo que seu filho necessitava de medicamentos antirretrovirais (ARV) para sobreviver, ela pediu insistentemente a ajuda do ACNUR.

“Eu vinha ao escritório do ACNUR todos os dias e implorava para ser transferida a outro campo de refugiados na região, onde Elvis teria acesso aos ARV”, recorda Silibaziso. Isso era impossível porque o governo só permitia que cidadãos botsuanos recebessem tratamento com antirretrovirais, em um país que tem o terceiro mais alto índice de infecção por HIV na África, de acordo com números da ONU.

Mas a agência de refugiados repetidamente instou Botsuana a mudar sua política e, graças a essa persistência, o governo, em abril de 2009, concordou em permitir que o ACNUR oferecesse, com apoio dos Estados Unidos, programas de prevenção e tratamento de HIV aos refugiados.

A mudança na orientação do governo veio bem a tempo de salvar Elvis, mas muitos outros haviam morrido antes de conseguirem acesso a medicamentos antirretrovirais, que podem manter a infecção por HIV sob controle e minimizar infecções oportunistas, ajudando, assim, a prolongar a vida.

“Em média, os refugiados soropositivos morriam à razão de quatro por mês. Era um sério problema de proteção”, explicou Marcella Farelly-Rodriguez, uma oficial de proteção do ACNUR em Dukwi. Antes da introdução do novo programa de HIV, em abril do ano passado, cerca de dois terços de todas as mortes em Dukwi entre janeiro e maio foram causadas pela AIDS.

Uma vez que a nova política do governo foi anunciada, o ACNUR organizou uma reunião com os refugiados, em Dukwi, e convidou aqueles que procuravam ajuda a entrar em contato com o ACNUR ou com os funcionários da parceira de implementação da agência, a Cruz Vermelha de Botsuana. “Eu era a primeira da fila para conseguir tratamento para Elvis”, revela Silibaziso Mpofu.

Os refugiados em Dukwi agora podem optar por fazer testes de HIV no posto de saúde mantido pelo governo no acampamento. Se o resultado for positivo, eles recebem aconselhamento da Cruz Vermelha de Botsuana. Depois, são transportados à clínica do Rio Tati, em Francistown, a aproximadamente 90 minutos dali, para mais testes e para receberem gratuitamente os medicamentos ARV, caso seja necessário.

Até agora, 200 refugiados se registraram no programa, dos quais 130 pessoas necessitam de tratamento ARV. Um programa comunitário de Prevenção da Transmissão de Mãe para Criança também foi lançado no assentamento, junto com outras campanhas de prevenção.

“O ACNUR luta para que os refugiados sejam incluídos em programas nacionais de HIV, e embora isto seja idealmente o que o ACNUR gostaria de ter em Botsuana, por agora estamos gratos pelo governo ter permitido que os refugiados tenham acesso ao tratamento, ainda que através de um programa paralelo”, disse Gloria Puertas, coordenadora regional sênior para HIV/AIDS do ACNUR.

Thembay Mguni, um refugiado zimbabuano que trabalha com a Cruz Vermelha de Botsuana, disse que o número de pessoas solicitando testes “aumentou, e o estigma de ser soropositivo está diminuindo. Antes, as pessoas se perguntavam por que deveriam fazer o teste, se não havia nenhum remédio – mas tudo isso mudou”.

Enquanto isso, Elvis agarra-se à saia da mãe, que se vira para caminhar de volta ao escritório da Cruz Vermelha de Botsuana, onde é conselheira. Ela suavemente solta as mãos dele e o deixa sob os cuidados de sua irmã, enquanto está no trabalho. “Eu amo você, Elvis, volto logo”, ela diz, acrescentando: “Sou muito grata ao governo de Botsuana e ao ACNUR por conseguirem esse tratamento para ele. Eu não acho que ele estaria aqui, agora, se tivesse ficado sem recebê-lo por muito mais tempo”.

Botsuana abriga mais de 3.000 refugiados em Dukwi, principalmente do Zimbábue, Namíbia, Angola, Somália, República Democrática do Congo, Ruanda e Burundi. O governo fornece educação e saúde em Dukwi.

Fonte: ACNUR

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Play4Africa e ACNUR juntos em Pretória para lutar contra a xenofobia

PRETORIA, África do Sul (ACNUR)– A iniciativa Play4Africa entregou esse fim de semana dois mil balões, quatro mil pares de chuteiras e outros equipamentos desportivos ao ACNUR em Pretória, depois de completar uma viagem de quatro meses desde a Espanha até a África do Sul.

Com um comboio de oito veículos, a Play4Africa partiu do porto de Almería no dia sete de março, iniciando um projeto dedicado a chamar a atenção para alguns dos problemas mais urgentes que afetam a milhões de jovens africanos, como a pobreza, a mortalidade infantil, o SIDA/HIV, a malária e outras doenças transmitidas através da água – além de reforçar seu “direito de jogar”.

Eles chegaram a Pretória na sexta-feira passada ainda em tempo de descarregar os materiais e desfrutar da crucial vitória da Espanha frente ao Chile para a classificação das oitavas de final da Copa do Mundo. A ajuda doada pela Play4Africa será distribuída entre os jovens refugiados que participam das iniciativas de combate à xenofobia apoiadas pelo ACNUR.

No sábado passado, o grupo de expedicionários participou em uma dessas iniciativas assistindo à partida de futebol da “Copa da paz” (Peace Cup, em inglês) na cidade de Attridgeville, a dez quilômetros de Pretória, em um campo empoeirado e distante das grandes instalações esportivas onde estão acontecendo os encontros da Copa do Mundo. O evento foi organizado pelo movimento Javeriano com o financiamento da Cáritas.

Os visitantes, entre os quais estava o Secretário de Estado para Esportes, Jaime Lissavetzky, o Embaixador da Espanha na África do sul, Pablo de Benavides e o Representante da Federação Real Espanhola de Futebol, Jorge Carretero, receberam as boas vindas da equipe do ACNUR e de um grupo de refugiados sul-africanos que jogavam no torneio.

“A intenção da ‘Copa da Paz’ é reunir os membros da comunidade local com os refugiados para promover a coesão social”, explicou Martín Mande, um refugiado congolês que participou da organização do evento. “A Copa do Mundo é celebrada a cada quatro anos, mas a nossa é anual”.

Durante o descanso após a primeira metade do encontro, os 12 capitães dos times participantes no Mundial, que escolheram nomes como FC Barcelona, Real Brazil, Brazzaville United ou Green Buffalos, agradeceram à Play4Africa e às autoridades espanholas ali reunidas pela presença e pela doação dos materiais.

Attridgeville, uma cidade criada em 1939 pelo regime de apartheid para alocar a população negra, foi uma das localidades mais afetadas pela violenta onda de xenofobia que assolou o país em 2008, deixando a dezenas de mortos e forçando milhares de estrangeiros, inclusive refugiados e solicitantes de asilo, a fugir de suas casas.

Sanda Kimbimbi, o Representante regional do ACNUR na África do Sul, disse que a Agência apoiava iniciativas como a “Copa da Paz”, em Attridgeville, “porque queremos fomentar a convivência para que essas situações não voltem a acontecer”.

Por outro lado, Alvin Omari, que fugiu do conflito na República Democrática do Congo, disse que participar no evento oferecia a eles a oportunidade de reunir-se com suas irmãs e irmãos sul-africanos “para que possam ver que não somos nenhuma ameaça e que queremos viver em paz, como eles”.

As chuteiras, as bolas e os outros equipamentos doados ao ACNUR pela Play4Africa serão distribuídos entre os participantes da “Copa da Paz”, assim como nos colégios e centros de acolhida que oferecem apoio aos refugiados em todo o país. A Play4Africa distribuiu equipamentos desportivos, mosquiteiros e outros materiais entre as populações mais vulneráveis, incluindo refugiados e deslocados internos em mais de uma dúzia de países.

Fonte: ACNUR

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ACNUR discute laços com ONGs nacionais em encontro anual

Genebra, 29 de junho (ACNUR) – As consultas anuais entre o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e seus parceiros não-governamentais começaram ontem, em Genebra. As parcerias com ONGs nacionais são o foco do encontro deste ano.

Mais de 380 participantes de 206 organizações estão participando do encontro neste ano, que discutirá nos próximos três dias vários temas de interesse comum durante sessões temáticas e regionais. Entre os tópicos que serão abordados estão apatrídia, refugiados urbanos, prevenção ao abuso e à exploração sexual, deslocados internos e xenofobia.

O tema deste ano é “Parceiros Nacionais: Provedores da Primeira Ajuda”. O vice Alto Comissário da ONU para Refugiados, T. Alexander Aleinikoff, que participa do seu primeiro encontro anual com ONGs, ressaltou a importância desse relacionamento para o ACNUR. “Faço parte da organização há tempo suficiente para saber a importância do trabalho que vocês fazem e que nós fazemos juntos, e nós não poderíamos realizar esse trabalho sem vocês,” disse Aleinikoff, que entrou para o ACNUR em fevereiro.

“Os parceiros nacionais estão na linha de frente de qualquer operação”, afirmou Bernie Doyle, chefe da unidade interagencial do ACNUR. “Estamos tentado melhorar nossa parceria, no sentido de ajudar nossos parceiros a aprimorar o que eles já fazem, que é ajudar seus amigos e vizinhos quando desastres acontecem”.

Aleinikoff também mencionou o apoio que o ACNUR tem recebido das ONGs parceiras com as recentes reformas internas e nas três áreas que foram enfatizadas na última década: deslocados internos, refugiados vivendo em zonas urbanas e refugiados em situações de refúgio prolongado.

A diretora da Divisão de Relações Externas do ACNUR, Daisy Dell, disse que o comparecimento ao encontro anual mostrou quão importante são as ONGs para o Alto Comissariado. “Esse ano, metade das organizações que participam das consultas tem parcerias com o ACNUR em nível nacional. De fato, das 206 organizações que se registraram para o encontro de 2010, 104 são parceiros nacionais”, observou.

Dell espera que as consultas levem a propostas concretas sobre como fortalecer o papel dos parceiros nacionais nos vários tópicos que serão discutidos durante os três dias do evento, inclusive desde a perspectiva da administração dos programas e do fortalecimento das capacidades.

Durante as últimas duas décadas, as consultas anuais em reunido diretores das ONGs e do ACNUR para examinar todos os aspectos da parceria em benefício das pessoas deslocadas no mundo.

As ONGs são parceiros vitais para o ACNUR, implementando os programas para os refugiados e os deslocados internos em algumas das áreas mais remotas e difíceis do mundo. A Agência para Refugiados das Nações Unidas trabalha como mais de 600 ONGs em todo o mundo.

FONTE: ACNUR

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Secretário-geral da ONU solicita a segurança de refugiados pelos palestinos

“NOVA YORK, 28 Jun 2010 (AFP) -O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, condenou nesta segunda-feira um ataque contra um campo de refugiados em Gaza e pediu às autoridades palestinas garantias de segurança.

“O secretário-geral condenou o vandalismo da noite passada por homens armados mascarados contra instalações de uma colônia de férias na Faixa de Gaza”, disse seu porta-voz, Martin Nesirky.

Homens mascarados incendiaram na madrugada desta segunda-feira as instalações de uma colônia de férias em Gaza, criada pela ONU para refugiados palestinos, pela segunda vez no espaço de algumas semanas.

O ataque não foi reivindicado, mas pode ser obra de islâmicos radicais hostis à influência do Ocidente e opostos a instalações onde meninas e meninos vivem juntos.

Ban “está muito preocupado porque se trata do segundo incidente em um mês”, comentou Nesirky. “Tais ataques – completou – atentam contra o bem-estar das crianças de Gaza”, entre as quais 250.000 participam de atividades recreativas das colônias de férias instaladas pela ONU.

“O secretários-geral chama as autoridades de fato a combater qualquer ato hostil às operações da ONU, e a garantir a segurança do pessoal”, disse o porta-voz. “Pede que os responsáveis pelos incidentes sejam levados à Justiça”.

Os mascarados ataram as mãos dos guardas da colônia de férias, mas não os feriram, e depois tocaram fogo em cadeiras, mesas e outros móveis do local, segundo a ONU.”
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2010/06/28/ban-pede-que-palestinos-garantam-seguranca-de-refugiados.jhtm

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ACNUR e UNESCO ajudam a criar “museu vivo” em acampamento de Moçambique

A vida em um campo de refugiados não é divertida na maior parte do tempo. Em Maratane, um dia típico para os refugiados consiste em ir ao mercado, trabalhar no jardim e perambular pela casa sem ter muito o que fazer.

Quando o ACNUR e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) reuniram esforços para promover o diálogo entre gerações e a troca entre culturas neste pequeno acampamento de 4.800 refugiados e requerentes de asilo no noroeste de Moçambique, as pessoas encontraram um motivo para comemorar.

“O objetivo é o de criar um museu vivo, onde as várias culturas que habitam o acampamento possam se reunir para compartilhar música, dança, arte e artesanato entre si e com a comunidade local, bem como com os visitantes”, disse Margarida Botelho, uma consultora portuguesa que trabalha em Maratane.

Para ajudar a quebrar o gelo, Botelho trouxe para o acampamento o palhaço espanhol Denguito, do grupo humanitário “Palhaços sem Fronteiras”, para ensinar para a companhia de acrobacia congolesa alguns truques e performances. A notícia sobre o evento logo se espalhou e quando Botelho e Denguito chegaram, todos os grupos aspirantes a se apresentar apareceram para participar da diversão.

Logo o evento relembrou a versão africana da série universal “Got Talent” ou o show de música e dança do “American Idol”. Assistindo os dançarinos frenéticos levantando poeira, numa disputa improvisada entre os grupos do Congo e de Burundi, os residentes do acampamento saudaram e aplaudiram. “É maravilhoso vê-los utilizando este fórum com energia positiva para celebrar suas diferenças”, disse Botelho.

Quase todos estavam interessados em participar. Até um grupo de mulheres mais velhas do Congo se levantou e dançou músicas dos tempos de juventude, para delírio dos mais jovens. Para coroar o evento, Denguito – cujo nome verdadeiro é Albert Brau – se apresentou junto com os acrobatas e trouxe o lugar abaixo.

“Foi um dia muito feliz para mim. Eu gostei dos dançarinos e dos percussionistas. O palhaço foi muito engraçado”, disse Jean Minani, um refugiado de Burundi de oito anos, depois de encerrada a festa. “O dia foi bem mais interessante para mim”.

O que seria mais um dia rotineiro para os moradores de Maratane se transformou numa rica troca de experiências e tradições culturais que ajudará a estabelecer laços e compreensão entre as diferentes nacionalidades, bem como promover a tolerância.

O programa conjunto, no qual participam o ACNUR e a UNESCO, é financiado pela Espanha. Os objetivos principais são o de promover um ambiente mais útil para a integração local, bem como ajudar a preparar as gerações mais jovens para um possível retorno para casa, através da manutenção de um vínculo ativo com a cultura de seus países de origem.

Entre outras atividades do programa conjunto, o ACNUR vem apoiando eventos culturais regulares dentro e fora de Maratane. A organização também planeja criar um centro cultural no acampamento, que se transformará em um museu vivo de arte e atividades culturais dos residentes do acampamento e da comunidade local.

Há cerca de 7.700 refugiados em Moçambique, incluindo 4.800 em Maratane. A maioria é de Burundi, Ruanda e da República Democrática do Congo.

Fonte: ACNUR

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O Alto Comissário visita centro de trânsito de emergência na Romênia

O Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados, António Guterres, visitou o primeiro centro de trânsito de emergência (CTE) da Europa, situado na Romênia, e conversou com refugiados do Sri Lanka e da Palestina.

O centro criado no final de 2008, na cidade de Timisoara pelo Governo da Romênia, pelo ACNUR e pela Organização Internacional para Migrações (OIM), foi inaugurado oficialmente em março de 2009. O mesmo fornece alojamento temporário para refugiados que precisam ser retirados urgentemente de seus primeiros países de asilo porque suas vidas estão em perigo. Os hóspedes podem permanecer no CTE até seis meses, depois dos quais deverão ser transportados a terceiros países. Em julho de 2009 foi inaugurado na Eslováquia um CTE similar.

Na quinta-feira, o primeiro dos dois dias de sua visita na Romênia, Guterres conversou com 152 refugiados originários da Palestina e do Sri Lanka que esperam ser reassentados em outros países. 99 deles acabam de chegar de uma viagem exaustiva de 26 horas procedentes do campo de Al – Walid, no deserto do Iraque, onde permaneceram durante anos.

“Esse projeto piloto responde a uma exigência posta em evidencia pela operação no Uzbequistão”, explicou Guterres referindo-se à aceitação por parte da Romênia, em julho de 2005, de 439 refugiados uzbequistaneses transportados de avião desde o Quirguistão para serem transferidos a outros países. Essa operação constituiu o primeiro passo em direção à criação do CTE.

“Naquele momento necessitávamos de ajuda e são em tempos de necessidade que vemos quem são os amigos. Como Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados desejo expressar ao governo e ao povo da Romênia nosso mais profundo agradecimento por acolher esse centro de transito de emergência” expressou Guterres antes de fechar a cerimônia plantando uma “árvore dos desejos”.

Um ancião palestino vindo do Iraque, mas dotado de uma energia surpreendente para seus 80 anos, manifestou que o único que buscava era estabilidade: “Aceito qualquer passaporte, com tanto que eu possa visitar meus filhos e filhas espalhados pelo mundo”.

Uma jovem do Sri Lanka contou que se viu obrigada a abandonar seu lar durante a fase final da guerra entre o exército e a guerrilha dos Tigres de Libertação do Eelam Tamil e atravessou a Índia, Singapura e Indonésia antes de ser transportada de avião para Romênia: “Nunca tinha ouvido falar desse país, mas agora gosto dele. Sinto-me bem na Romênia”.

Desde 2008 passaram pelo CTE de Timisoara mais de 600 refugiados. Nesse mesmo ano a Romênia aprovou uma lei que a converte em um dos poucos países do mundo dispostos a aceitar refugiados temporários. O primeiro grupo de refugiados de Myanmar chegará a princípios de junho.

No segundo dia de visita à Romênia, o Alto Comissário Guterres se reuniu em Bucareste com o primeiro ministro Emil Boc e funcionários de alto escalão do governo.

Fonte: Acnur

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Arábia Saudita doa US$10.8 milhões para projetos do ACNUR no Paquistão

RIYADH, Arábia Saudita, 22 de junho (ACNUR) – O governo da Arábia Saudita concedeu mais de U$10 milhões para as operações do ACNUR que assistem aos deslocados forçados no Paquistão.

O Fundo Saudita para o Desenvolvimento prometeu US$10.8 milhões, como resultado de um memoradum de entendimento assinado no domingo (20/06), Dia Mundial do Refugiado, na capital Saudi, Riyadh. O documento foi assinado por Yousef Al-Bassam, vice-presidente e diretor administrativo do Fundo, e o Representante Regional do ACNUR, Yacoub El Hillo.

“Essa é uma contribuição oportuna e importante, um testemunho de um gesto solidariedade do povo e do Reino da Arábia Saudita com o povo e o governo paquistanês nesse momento difícil”, disse, em Islamabad, o Representante do ACNUR no Paquistão, Mengesha Kebede.

O ACNUR usará os fundos para adquirir comida e itens de ajuda humanitária para dezenas de milhares de civis paquistaneses, que foram deslocados pela violência no noroeste do país em 2008 e no ano passado.

Os itens incluem 25.000 tendas, 379.000 mantas, 126.400 lençóis de plástico, 100.000 colchões e 25.000 jogos de cozinha, além de 20.000 pacotes de comida, que serão distribuídos durante o mês festivo do Ramadan, que inicia em Agosto.

Mais de 900.000 civis continuam deslocados internamente no Paquistão, incluindo a cerca de 124.000 que estão em campos especiais.

Por: ACNUR

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Copa do mundo reúne refugiados no Rio de Janeiro

No centro de atendimento a refugiados mantido pela Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro, um grupo de aproximadamente 50 refugiados aguardava, com grande expectativa, o início da primeira Copa do Mundo em solo africano. A abertura da Copa da África do Sul, no último dia 11 de junho, também servia de pretexto para antecipar as celebrações do Dia Mundial do Refugiado – comemorado em todo o mundo no dia 20 de junho.

Assim, num clima festivo e entre goles de café, os refugiados ajudavam na preparação festa, conversando com amigos e jornalistas presentes e aguardando o início do jogo entre África do Sul e México. Orgulhosos por estarem juntos acompanhando a primeira partida da Copa, todos torciam pela África do Sul, sem deixar de reconhecer que o melhor futebol do torneio é mesmo o brasileiro.

Celebrar o Dia Mundial do Refugiado no Rio de Janeiro durante o jogo inaugural da Copa do Mundo na África foi uma bem sucedida iniciativa da Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro, que por meio de uma parceria no ACNUR presta assistência e proteção a cerca de dois mil refugiados, a grande maioria procedente do continente africano.

O encontro foi um sucesso. Os refugiados presentes, das mais diferentes nacionalidades, compareceram à festa, que começou às 10h da manhã e só terminou à noite. Congoleses, somalis, eritreus, angolanos, marfinenses e iraquianos se emocionaram e torceram juntos pela África do Sul. Neste dia, todos esqueceram suas nacionalidades e se transformaram momentaneamente em sul-africanos. O entusiasmo dos refugiados foi tão forte que contagiou a todos os presentes.

“O refugiado que vive no Brasil tem que se integrar à sociedade brasileira e viver com o povo brasileiro. E, com certeza, o continente africano tem um ganho extraordinário com essa Copa, pela competência e criatividade com que esse evento está sendo produzido. Para o refugiado é muito importante que eles possam mostrar ao Brasil que o africano é capaz de fazer uma festa tão bonita como essa”, disse o diretor da Cáritas Arquidiocesana do Rio, Candido da Ponte Neto, para quem a celebração do último dia 11 de junho ajudará a melhorar a auto-estima dos refugiados originários da África. Para o representante do ACNUR no Brasil, a Copa do Mundo na África adquire “um sentido especial no Brasil, pois o país tem sua história ligada ao continente africano e abriga milhares de refugiados daquela região”.

Dos cerca de 4.300 refugiados que vivem no Brasil, cerca de 70% são de origem africana. E para quem foi forçado a abandonar suas casas e suas famílias, um evento como a Copa do Mundo na África adquire um peso simbólico considerável, representando um elo com o espaço físico que um dia foi chamado de casa e também com lembranças alegres e dolorosas.

Ahmad, um refugiado somali que chegou ao Brasil há quase um mês, vê com ironia o fato de acompanhar esta Copa do Mundo longe da África. “Fiquei muito emocionado com a cerimônia de abertura. Esperei tanto pelo momento em que a Copa seria na África, e agora não estou lá. Visitei o líder sul-africano Nelson Mandela na prisão, em 1979, e agora que ele foi homenageado na abertura do torneio, me pergunto por que não estou lá”, afirma Ahmad.

Originário do Iraque, Amir, de 46 anos, também estava presente no evento. Seu time favorito é o Brasil, mas ele também torce pela África. “O Brasil sempre foi meu time favorito, e não digo isso só porque estou vivendo aqui. Mas também estou torcendo com todos os colegas africanos”. Ele trabalhou por 25 anos como inspetor de oleodutos no Iraque, veio ao Brasil sozinho e diz que sua experiência no país tem sido bastante positiva. “O único problema que tenho no Brasil é a dificuldade em conseguir trabalho. Mas as pessoas são amáveis, esse é um país bom, onde a diversidade e a diferença não representam um problema. No futuro, quero ir ao Iraque para visitar minha família, mas quero viver aqui”, afirma.

Embora a alegria durante a festa generalizada, alguns refugiados estavam céticos em relação ao impacto da Copa do Mundo para a África. Antônio, um refugiado angolano que vive no Rio de Janeiro há 16 anos e acaba de se formar em Filosofia, acredita que essa euforia seja “passageira”, como o próprio torneio. “O preconceito contra a África é algo estrutural, que está profundamente inserido mesmo em uma sociedade multicultural como a brasileira e não vai mudar em um mês”, avalia.

O clima de descontração era grande entre os refugiados e o interesse pelo futebol dominava as falas dos convidados. Um refugiado eritreu pergunta, indignado: “Por que o Dunga não convocou o Ronaldinho Gaúcho?” Ao seu lado, Ahmad tenta especular como seria uma final disputada entre o Brasil e uma equipe africana. Indeciso e sem resposta, ele solta um suspiro nervoso e pronuncia apenas: “Oh My God!”

Fonte: ACNUR

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Pequeno refugiado ruandês encontra vida nova na Noruega

Nicolas * tem gasto muito da sua vida solitária sendo transferido de uma família substituta a outra, mas no início deste mês, o órfão de seis anos de idade voou para o que deverá tornar-se a sua residência permanente: será o primeiro menor desacompanhado da RDC a ser reassentado na Noruega.

A agência de refugiados da ONU tinha referido o nome do garoto para o reassentamento e funcionários do ACNUR o acompanharam ao Aeroporto Internacional N’Djili Kinshasa, na última quarta-feira, quando ele embarcou para se juntar à sua nova família na Noruega. Nicolas, naturalmente, estava apreensivo por ter de voar em um avião e mudar-se para um novo país. No entanto, a reinstalação na Noruega oferece-lhe um futuro muito mais brilhante do que ele teria na RDC e ele vai finalmente ter uma família para chamar de sua e amar incondicionalmente.

Tem sido uma longa estrada, que começou muitos anos antes mesmo de Nicolas nascer. Conflitos na região dos Grandes Lagos forçaram seus pais a fugirem para o Leste da RDC na década de 1990 – seu pai vinha de Burundi e sua mãe Josephine*, de Ruanda, após assistir seu próprio pai ser assassinado.

Ela perambulou pelo país, passando alguns anos em um centro para menores desacompanhados em Mbandaka, uma cidade às margens do rio Congo e capital da província de Équateur. Nicolas nasceu ali, em Équateur, em 2004, pouco tempo depois seu pai foi morto em um acidente de caça. O menino tomou assim a cidadania ruandesa de sua mãe.

Um ano mais tarde, Nicolas e sua mãe se mudaram para Kinshasa, mas ela levava uma vida conturbada e o menino era frequentemente deixado aos cuidados de amigos, enquanto ela percorria períodos no hospital ou na prisão. Em fevereiro deste ano, ela faleceu, em decorrência de uma doença, com apenas 27 anos.

Durante a sua estada final no hospital, um estudante apareceu com Nicolas e uma pequena mala no escritório do ACNUR, em Kinshasa, e disse que havia sido encarregado de cuidar do menino, mas que não tinha condições de cuidá-lo. Foram feitos muitos esforços que se mostraram infrutíferos para encontrar uma nova família para Nicolas.

Ele foi temporariamente alojado em um centro de acolhida para crianças enquanto esperava por uma solução duradoura. Essa situação perdurou até a recente aprovação de seu pedido de reassentamento, há poucas semanas.

Sua nova família vai encontrar um Nicolas inteligente, cheio de caráter, muito ativo e curioso. Durante as entrevistas preliminares para seu reassentamento, ele ansiava para que as perguntas terminassem logo para voltar e jogar com seus novos amigos no centro de acolhida.

Quando lhe foi dito que ele estaria indo para um lugar chamado Noruega, ele disse: “Mas é longe! Como é que eu vou pra lá? ” Quando responderam que ele teria que ir de avião, ele imaginou que seria caro e perguntou: “E quem vai pagar? É o ACNUR que vai pagar?” Se ele continuar fazendo perguntas em sua nova pátria, ele irá longe.

Na Noruega, ele terá um direto com sua pátria. Também no plano de reassentamento na Noruega foi reassentada Sabine*, uma costureira de 55 anos, da mesma aldeia de Josephine em Ruanda.

A mulher de meia-idade encontrou a criança durante os preparativos do seu vôo para a nova vida e tornou-se próxima do garoto. Sabine se encarregou de ensinar a ele sobre a cultura ruandesa e de contar histórias sobre seu país de origem. Nicolas está sendo reinstalado na mesma cidade de Sabine.

Existem atualmente cerca de 80.000 refugiados ruandeses vivendo na República Democrática do Congo, segundo dados oficiais. Desde 2001, o ACNUR tem facilitado o repatriamento de mais de 94 mil refugiados ruandeses da RDC. Nos termos de um acordo tripartido assinado em fevereiro passado entre República Democrática do Congo, Ruanda e ACNUR, concordou-se em buscar soluções duradouras para os refugiados ruandeses na República Democrática do Congo e para os refugiados congoleses em Ruanda.

* Nomes fictícios para fins de proteção.

Fonte: ACNUR

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Cruz Vermelha pede ajuda para refugiados do Quirguistão

17 de junho 2010

A Cruz Vermelha Internacional lançou, nesta quinta-feira, um apelo de três milhões de euros para enfrentar a crise que já matou 223 pessoas no Quirguistão. Além disso, de acordo com a ONU, cerca de 100 mil pessoas da etnia uzbeque estão refugiados no Uzbequistão e 300 mil deixaram suas casas. A Cruz Vermelha pretende ajudar 24 mil refugiados por seis meses.

“A situação humanitária é muito preocupante. Milhares de pessoas precisam urgentemente de comida, água, abrigo e cuidados médicos. Há uma necessidade de intervenção o mais cedo possível para evitar qualquer epidemia”, alertou Drina Karahasanovic, representante regional da organização na Ásia Central.

Uma equipe especializada deve chegar ainda hoje ao Uzbequistão para ajudar os voluntários nacionais do órgão. Na quarta-feira, a ajuda humanitária internacional começou a chegar aos refugiados uzbeques, que fugiram de uma onda de violência no país. De acordo com a ONU, a situação pode virar uma catastrofe.

Fonte: http://www.sidneyrezende.com/noticia

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